A discussão em torno da
distribuição da água da Barragem de Ponto Novo tem provocado debates e mais
debates, dividido opiniões e, além de tudo, gerado medo.
O problema não está na
questão da seca, da falta de água, mas na essência humana,mais precisamente,na maneira
como nos comportamos diante da abundância e da escassez. Se estivéssemos
vivendo numa situação de reservatórios cheios em toda a nossa região, os
problemas decorrentes da poluição desde a nascente, do desmatamento de matas
ciliares, seriauma preocupação apenas de Ponto Novo e demais municípios
banhados pelo Rio Itapicuru.
Em tempos abundantes, banhistas de diferentes
lugares produzem e deixam lixo às margens da Barragem de Ponto Novo porque há
um equivocado pensamento de que“o que não é meu, não tenho por que zelar”.
Em 2006, numa
segunda-feira, durante uma visita ao Balneário de Ponto Novo com um grupo de
universitários, recolhemos inúmeras sacolas plásticas com logomarca de um
reconhecido Supermercado da cidade de Senhor do Bonfim, afinal de contas, era
apenas um espaço de lazer, indigno do zelo de todos os frequentadores,
inclusive, visitantes.
É necessário sim que
levemos em consideração que a água dos mananciais é um bem de todos. O
município de Ponto Novo não é, em hipótese alguma, dono exclusivo deste líquido
tão precioso retido na Barragem que leva o seu nome. Mas, é imprescindível
também que o cuidado, a promoção da sustentabilidade, a voz contra a poluição e
o desmatamento seja uma bandeira comum de todos os interessados.
Vivemos, atualmente, em
tempos de escassez e esta, por natureza, tem uma tendência de nos humilhar, de
mostrar nossa fragilidade, nossas limitações. Só então, o muito deixa de ser só
meu, outro tanto deixa de ser só do outro e o pouco se torna, finalmente, de
todos.
O medo existe porque o que
já é pouco está diminuindo de forma dramática e atendendo a um número maior de
necessitados e se não houver uma intervenção dos céus ou das nuvens – como
queira entender – uns serão atendidos em detrimento de outros e a pergunta que
não calar é quem definirá as prioridades. Pois, não podemos esquecer que o
gerenciamento, as decisões tomadas acerca de quem esta pouca água deve
beneficiar é responsabilidade detida por alguns que não sabemos por quem ou
pelo que seus olhares expressam ternura.
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